A origem deste estilo remonta uma época paralela à Soul Music, nos anos 70, cuja execução no Brasil foi realizada por DJs como Mister Funk Santos. O charme tem mais do som da Filadéfia pelos arranjos e melodia do que propriamente do Soul, afinal, tratava-se de uma terceira vertente depois do Soul e o Funk. No final de 76 a Soul Music dava sinais de desgaste, seja pela pulverização do repertório ou pela não renovação do seu público. Outro detalhe que apressaria a morte do Soul foi o nascimento de um outro movimento entre jovens brancos da Zona Norte e Oeste do Rio - "O Som das Cocotas". Fica aqui o registro que o movimento "Black Rio" era formado por 60% de negros e pardos, 40% de brancos e mestiços pobres da periferia da cidade. O primeiro "baque" sofrido pelo movimento Soul foi, sem dúvida, a descoberta e identificação do som "pop-rock" pelos frequentadores brancos da zona norte. O segundo e definitivo golpe sofrido pela agonizante Soul Music foi dado pela revolução trazida pela Disco Music em 1977. Por ter sido um movimento mundial, a Disco Music mudou o comportamento, a moda e a cultura dos jovens da Zona Norte do Rio e boa parte de Brasil.
Em 1980 a Discoteca se enfraquece como movimento de "dança coletiva", abrindo espaço para o "pop orientado" das gravadoras multinacionais instaladas no Brasil, deixando, por assim dizer, um vácuo musical nas equipes de som do subúrbio do Rio. O Corello aproveitou esse "hiato" musical e experimentou músicas e estilos não percebidos por outros DJ's da época.
O termo Charme (R&B) foi criado por Corello DJ, no Rio de Janeiro, em março de 1980. O DJ Corello começou na época a fazer experiências de outras formas de Black Music. Ele introduz a musicalidade do Charme e as pessoas começam a gostar. Ele não tinha dado um nome para essa experiência, mas observou que quem dançava tinha um movimento corporal bem diferenciado. Em um baile no Mackenzie, no bairro do Méier, o Corello convida: “Chegou a hora do charminho, transe seu corpo bem devagarinho”. Essa estória do “charminho” ficou na cabeça das pessoas e elas passaram a falar: “agora eu vou pro Charminho, vou ouvir um Charme, vou lá no Corello que vai ter Charme”.
Com a evolução do movimento, foram formadas equipes de som especializadas em “Charme”, dentre as quais:
Só Mix Disco Club ("A Número Um do Charme"), comandada por Corello DJ, Fernandinho DJ, Loopy DJ;
Cassino Disco Club ("O Som do Charme"), comandada por Orlando DJ e Claudinho DJ;
Soul Charme ("Difícil de Esquecer"), comandada por Arthur DJ e PC DJ;
Charme Com Elegância ("A Fina Elegância da Black Music"), comandada por Carlão DJ
BLACK POINT SOUL ("O Point do Charme"),Comandada por Dj Birro.
O Charme também contou com a colaborção direta de DJ's que abraçaram a causa e começaram a romper com a estrutura antiga das equpes de som, segundo a qual, o "dono" da equipe determinava a linha musical a ser seguida sem questionamentos. O primeiro a aderir foi o DJ Marcão da Rádio Tropical do Rio de janeiro, A DJ e locutora Áurea, DJ Marlboro (em início de carreira), Fernandinho DJ, Orlando DJ, entre outros. No final dos anos 80 e início dos 90, surgiram os primeiros artistas nacionais que começaram a produzir músicas no Brasil ou a adaptar antigas canções para este gênero musical. Dentre estes cantores destacam-se: Alexandre Lucas (como vocalista da "Banda Fanzine" ou em sua carreira solo), Edmon, Abdula, Marta Vasconcelos, o conjunto Fat Family, Sampa Crew, Copacabana Beat, Claudinho & Buchecha, Marina Lima, Fernanda Abreu, D'Black e Shirley Carvalho.
As músicas de estilo Charme passaram também a ser executadas nas rádios, nas freqüências FM e AM. Nas décadas de 80 e 90 surgiram vários programas especializados em Charme. Na Rádio 98 FM, Fernandinho DJ produzia o "Só Mix 98", na Jovem Rio Corello apresentava o "MixMania" e o "Black Beat" (FM 105) e outros programas, como os de Funk, passaram a dedicar espaços específicos para a execução de Charme, proporcionando assim maior dimensão ao Movimento Charme. Mc Dollores e Mc Marquinhos compuseram um funk melody intitulado Rap da Diferença cuja letra era:
Qual a diferença entre o Charm e o Funk
Um anda bonito o outro elegante
Qual a diferença entre o Charm e o Funk
O Marquinhos anda bonito e o Dollores elegante
No fim da década de 80 e até meados dos anos 90, os bailes-charme passaram a atrair uma grande quantidade de pessoas. Alguns eventos chegaram a registrar uma freqüência de 5.000 pessoas e isto estimulou inclusive a vinda de artistas internacionais especialmente para se apresentarem nestes bailes, como Sybil, Curtis Hairston, Glen Jones e Omar Chandler.
Servem até hoje como ponto de referência da realização destes bailes, os seguintes locais, no Rio de Janeiro:
Grêmio Recreativo Vera Cruz, no bairro da Abolição;
Portelão, em Madureira;
Disco Voador, em Marechal Hermes (que chegou a ser conhecido como o "Templo do Charme");
Bola Preta, Avenida Treze de Maio, no Centro da Cidade;
Clube Marajoara, no bairro Fonseca, em Niterói.
Point Chic Charm (Padre Miguel - RJ)
Além das músicas e do trabalho dos DJs, outro atrativo dos bailes é o desempenho de "grupos de dança", que por vezes são espontaneamente formados pelos próprios freqüentadores dos bailes. Estes grupos podem apresentar passos sincronizados e diferenciados de outros. Em algumas ocasiões são promovidas competições para avaliação do desempenho de cada grupo e estimular cada vez mais a criação de novos passos de dança, para que sejam apreciados por todos os freqüentadores do baile.
Na zona oeste do Rio de Janeiro, em Padre Miguel, em uma comunidade chamada “Ponto Chic”, surgiu há cerca de onze anos, um grupo de "resistência cultural" chamado "Point Chic Charm". Bastou uma caixa de som, um repertório requintado de black music às alturas para aglutinar os saudosistas que passavam por ali e ficavam a recordar os bons tempos do reinado de James Brown e seus discípulos. Não demorou muito e virou um grande ponto de encontro da negrada, aos domingos, onde quem gostava de ouvir e dançar boa música poderia chegar, trazer a família e seus amigos. Era uma iniciativa dos irmãos negros Eduardo e Ângelo Oliveira. Que depois convidaram os dj´s, Jorge Sucesso, Beto Barra e Jhony, para comandar o baile. O movimento cresceu… Do ponto de encontro do charme também passamos a nos encontrar para ouvir o samba bom, dançar jongo, jogar capoeira, ouvir poesia, cultuar Zumbi dos Palmares e saudar São Jorge! Tudo isso fruto de aproximações naturais entre pessoas que iam chegando e se juntando a este time por pura afinidade e sintonia. O movimento também recebeu adeptos ilustres. Passaram pelo Ponto Chic: Ney Lopes, Neusa Borges, Mombaça, Jorge Aragão, Alcione, Fundo de Quintal, Jorge Vercilo, Arlindinho Cruz, Negras Raízes, Seu Jorge e outros. É uma incubadora constante de novos talentos que vão passando, crescendo e que nunca deixam de voltar para rever os amigos. Sem esquecer da imprensa que sempre deu espaço e exaltou tudo o que presenciaram ao longo desses onze anos. Todos os domingos, continua o happy hour mais tradicional da Zona Oeste (em frente ao busto de Zumbi dos Palmares), com os dj´s residentes, Marquinho, Júnior e Dênis, fazendo mais de 300 pessoas dançarem.
O movimento charme foi então reconhecido e tal fato proporcionou a oportunidade de criação do Espaço Rio Charme. Este espaço, então, se caracteriza peculiarmente por ser embaixo do viaduto Negrão de Lima, no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. Dentre muitos DJs que lá atuaram, um dos iniciadores do espaço foi o DJ Marki New Charm. O espaço é utilizado, além para a promoção de bales charme, para a prática de eventos sociais, como basquete de rua e oficina de arte.
Nesta trajetória desde os anos 80, os charmeiros passaram a classificar as músicas e chamá-las de acordo com a ocasião de respectivos lançamentos, atribuindo-lhes o nome de “flash back” às músicas produzidas até meados dos anos 80 e “midbacks” às produzidas entre o final dos anos 80 e em toda a década de 90. Esta denominação diferenciada das músicas no Movimento Charme também se deve parcialmente à existência de variadas vertentes dentro deste estilo, como por exemplo New Jack Swing, Smooth jazz, Slow Jams Urban e R&B Contemporâneo, que foram, dependendo de sua época, mais comumente produzidas e executadas.
Com certa regularidade são promovidos bailes de flash back e midbacks, especialmente para reunião de antigos freqüentadores dos bailes charme. Nestes bailes especiais, é nítida a diferença entre a faixa etária de seus freqüentadores, tradicionalmente chamados de "cascudos", em relação àquela vista em bailes com músicas atuais.
Outros DJs de Charme
Dj Birro (Black Point Soul)
Dj Claudinho;
Dj Adesman;
Dj Iones;
Dj Aranha;
Dj A;
Dj Guto;
Dj Florêncio;
Dj Daniel do Charme;
Dj Mão Branca;
Dj Loopy;
DJ Raffaelldj de Israel (Charme em Israel);
Dj Wilson Funk Show;
Dj Marquinho (Point chic charm);
Dj Célio;
Dj Júnior;
Dj Dênnys;
DJ Joseph (Brasília).
by wikipédia
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